domingo, 6 de janeiro de 2008
Laura Brown.. o espelho.. a (im)perfeição..
Se a perfeição das coisas bastasse para que a felicidade fosse eterna, então o que seria da procura incessante de novas experiências?!..
Se num dia perfeito, numa casa perfeita, com a família perfeita, a simplicidade de um bolo de aniversário fosse imperfeitamente suficiente para que a insatisfação desvanecesse..
No espelho de Laura Brown, reflecte-se a repetição dos dias.. Não fosse um livro, essa hora quase completa em que se mergulha noutra vida e por breves momentos vive-se a história de outra pessoa..
Não fosse um livro.. um conto.. palavras.. letras ..
Não fosse o abstrair da realidade..
não fosse..
não fosse…
não fosse..as horas..
Vivemos as nossas vidas, fazemos seja o que for que fazemos e depois dormimos: é tão simples e tão normal como isso. Alguns atiram-se de janelas ou afogam-se, ou tomam comprimidos; um número maior morre por acidente, e a maioria, a imensa maioria é lentamente devorada por alguma doença ou, com muita sorte, pelo próprio tempo.
Há apenas uma consolação: uma hora aqui ou ali em que as nossas vidas parecem, contra todas as probabilidades e expectativas, abrir-se de repente e dar-nos tudo quanto imaginámos, embora todos, excepto as crianças (e talvez até elas), saibamos que a estas horas se seguirão inevitavelmente outras, muito mais negras e difíceis.
Mesmo assim, adoramos a cidade, a manhã.. mesmo assim desejamos, acima de tudo, mais.
Michael Cunningham - As Horas
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